Conversando com uma amiga sobre esse blog, ela disse que muitas mulheres podem se identificar com a
Represa (claro que sim, em si mesmas ou em mães e avós, eu acho... para isso a personagem foi concebida, para mostrar esse lado "represa" das mulheres em sociedades modernas). Mas que ela tem uma simpatia especial pela
Radica, rsrs... é claro, a
Radica é livre, às vezes até chegar ao ponto da arrogância, pois inverte papéis e muitas vezes se acha superior à mãe, mas em geral, ela é principalmente feliz, enquanto a
Represa é duplamente aprisionada: tanto no sentido de
encarceramento em papéis impostos, quanto de
presa acuada por caçadores. E ninguém quer ser uma pessoa aprisionada ou pronta para o abate.
Acho que uma semelhança entre
Represa e
Radica é que as duas são amorosas, cada uma do seu jeito. Por outro lado, no que tange à intimidade profunda da vida privada, às vezes amamos livremente, como é o caso da
Radica, mas muitas vezes represamos por amor, no sentido de só doar sem saber ou querer receber. E
sem o fluxo de dar e receber amor, ninguém vive, mas
sem liberdade também não. Tudo bem que sem liberdade se sobrevive, e sem amor nem isso, mas para quem quer ter uma vida plena, a liberdade é essencial, e a
Represa não parece vivê-la tão plenamente assim, sendo seu amor, muitas vezes, de mão única. Contudo, no que se refere a questões institucionais, a
Represa simboliza máscaras da democracia representativa, independente deste amor em estilo Deméter. E a
Radica, composta por várias dimensões conjugadas em uma só pessoa, representa visões mais contemporâneas de indivíduos internamente plurais e da própria política, e não apenas da
ideia clássica de democracia, ou mesmo da
democracia radical moderna.